terça-feira, 14 de setembro de 2010

AS CINCO VIAS DA PALAVRA

Setembro é o mês da Bíblia. Sofremos um analfabetismo bíblico e precisamos criar o “século da Bíblia” e tê-la todos os dias em nossas mãos. Eis as cinco vias da Palavra.

1. O ouvido. Como poderemos crer sem ouvir a pregação da fé? “Ouve oh Israel”. Este é o mandamento divino. Dá-nos Senhor, ouvido de discípulo, pede o profeta Isaías. A fé entra pelo ouvido. Não podemos ser surdos ao Deus que se revela a nós como a amigos. Quem ouve minha Palavra e a põe em prática, este é o maior no reino dos céus, ensinou Jesus. Hoje se ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis o vosso coração, diz o livro de Samuel. A Palavra supõe a audição, o ouvido, do contrário, ela cai no chão.

2. A cabeça. A Palavra exige o estudo, a teologia, o magistério e o catecismo. A fé não pode contrariar a reta razão,mas, ela vai além da razão. É preciso dar a razão de nossa fé porque a verdade e a fé são duas asas que movem o ser humano até Deus. Fé e razão se completam. O ato de fé é um ato de decisão, de opção, de adesão a Deus, a Jesus Cristo e à revelação divina. A cabeça é uma via da fé para evitar todo infantilismo, magia, engano, exploração, fanatismo e heresia no âmbito da religião. A Palavra guia nossos pensamentos e oferece critérios, valores e luzes para a razão.


3. O coração. A Palavra ouvida, desce ao coração, ou seja, é interiorizada, assimilada, vivida, experimentada. É no intimo do coração que a Palavra se faz carne em nós. Ela se torna alimento. “Toma o livro e come-o” diz a Escritura. Há uma grande fome e sede da Palavra porque ela alimenta a fé no coração dos cristãos. A fé é resposta à Palavra e compromisso assumido no centro, no interior dos corações.

4. As mãos. A fé sem obras é morta. A Palavra alimenta a fé. É no testemunho, na ação, mas principalmente nos gestos de amor a Deus e ao próximo, que se manifesta nossa fé. Nossas mãos se abrem à generosidade, à solidariedade, à prática do amor pessoal e social, graças à fé. Uma fé autêntica é compromisso com a vida, a transformação, a promoção humana. Daí se entende os famosos binômios: fé e vida, oração e ação, mística e política, contemplação e transformação. A Palavra abre nossas mãos para a construção do reino, para as boas obras e o amor transformador.


5. Os pés. A Palavra é o combustível, o motor, a energia da missão. Quem tem fé não é acomodado, mas, missionário, caminhante, evangelizador. Fé com pé na estrada, pé a caminho, pé nas ruas, nas portas das casas, nas periferias e nas mansões. A fé leva ao lava-pés e a andar a pé para facilitar o encontro. De pessoa a pessoa, de casa em casa, de grupo em grupo, de nação a nação, a fé nos coloca em movimento, em ousadia missionária. Os caminhos da fé levam ao encontro com o diferente, o afastado, até o além fronteiras. A fé nos dá pés velozes que correm até os confins da terra, que nos levam ao povo. Com os pés iluminados pela Palavra caminhamos pressurosos para a casa do Pai. Pés evangelizadores que mesmo feridos e machucados nos deixam sempre de pé especialmente ao pé da cruz.



Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina

sábado, 11 de setembro de 2010

A BIBLIOTECA DIVINA EM NOSSO DIA –A- DIA



A palavra Bíblia deriva do grego βιβλία: "rolos” ou, "livros”. É comparada a uma biblioteca por possuir: cartas, orações, salmos, poemas, biografias, doutrinas, leis, profecias... Foi São Jerónimo (347- 420) tradutor da Vulgata latina, que chamou pela primeira vez ao conjunto dos livros do Antigo e Novo Testamento de "Biblioteca Divina".
A Palavra de Deus nos revela o rosto Divino e seu mistério. Ela é a história do Deus que caminhou com seu povo e do povo que caminhou com seu Deus. A Bíblia tem uma longa história, desde nossos pais e mães da fé: Abraão e Sara, Isaac e Rebeca, Jacó, Lia e Raquel, passando por Moisés, pelos profetas, até a vinda do Messias, e por fim a morte do último dos Doze Apóstolos quando foi escrito o último livro da Bíblia (o Apocalipse, escrito no final do século I).
Mais do que história, a Bíblia é portadora de uma mensagem, ela proclama a boa notícia vinda de Deus: Ele nos ama e nos quer bem! Ele é o Deus que caminha conosco, que está ao nosso lado e nos dá força e coragem! Ela é o Testamento de Amor, a Carta que o Pai deixou para toda a humanidade. Nela encontramos os desejos e as intenções de Deus para conosco, as recomendações e os tesouros que Ele tem para nos oferecer.
O Mês da Bíblia (setembro) há de nos ajudar a nos familiarizarmos sempre mais com o texto Sagrado, não só pela leitura que deles se faz na liturgia, mas em nossas leituras e meditações pessoais ou nos círculos Bíblicos e grupos de reflexão que hoje fazem crescer tanto a Igreja, alimentada com a Palavra de Deus. Na verdade, todo mês devia ser Mês da Bíblia; todo dia devia ser Dia da Bíblia, para que Ela não seja simplesmente um ornamento em nossa casa. A Palavra de Deus deve ser o nosso alimento de cada dia do qual tiramos o sustento para a nossa vida e luz para em nossa caminhada. Helves Luiz Herbst